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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Se a mentira tem perna curta a omissão tem o quê?
Tão delicada, podemos dizer simplesmente que nos esquecemos de contar,
ou poderíamos dizer que: "Eu ia contar em plena segunda-feira!" ou até
mesmo dizer que: "Estava esperando o céu ficar azul,azul,azul,azul,azul,azul,azul,azul,
azul,azul,azul,azul,azul,azul,azul,azul,azul..."
Os sons fazem uma pressão intensa no telhado na minha mente,
são muitas vozes e nenhuma imagem.
Eles caminham com machados afiados, construindo desilusões ao
longo do percurso, por montanhas eles enterram esqueletos
esquecidos a muito tempo, e para o tempero de suas comidas usam as cinzas
daqueles que ainda esperam por compaixão do outro lado
do espelho.
Seria tudo mais fácil se as pessoas mudassem sempre pra melhor,
a carga não seria tão pesada e nem os cortes tão fundos.
"Talvez" pra mim tende pra negacão, de um jeito nem sempre
amistoso. Se as lágrimas fossem cortantes como estalactites
eu estaria a muito tempo cega. Mas apesar delas não serem,
nem de longe, nem de perto, eu me ceguei, vejo tudo
embacado.
Me sinto como estivesse diante de uma árvore, cheia de frutos,
de diversos tipos, como Sylvia Plath, eu a veja apodrecer,
diante de mim. Eu não me decido, apodreco com ela, aos seus pés.
Porém suas raízes me sugam para debaixo da terra, e comecam
a tirar o que resta de vida em mim. Essa árvore não admite
indecisão, me julga como não merecedora de nada, me mata
ou me mantém refém? Até que alguém a corte, e me corte junto,
eu estarei presa em suas entranhas, quase sufocada.
Quantas voltas no mundo o amor teria dado se tivesse pernas?
Se ele estiver sempre em fuga, seria o melhor, supondo que
ele fosse consciente do mal que traz. Mas não, acho que ele
é um bêbado, que não sabe o que faz e nem diz. Tão
irracional quanto uma mesa de mogno.
A solidão? Quanto delírio contido num monólogo.
Nem me fazendo mal eu paro. Depois de uma dose
de cianeto, comeco a ver um pouco de vida em tudo isso,
do outro lado eu não permaneco estagnada.
Isso não fez bem para minha saúde.

(...)

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