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terça-feira, 1 de junho de 2010

Gelatina

"Quando mil seres gelatinosos e imaginários se encontram diante
dum lindo navio, em busca das respostas do outro lado do continente
se deparam com um imenso descontentamento ao, preencherem seu formulário
de passageiros: não saber ONDE SE ENQUADRAR e nem o que responder em
alguns itens. É neste cenário que esse texto é desenvolvido, em alto
tom, gritante. No final, tudo gela. É o fim chegando depois de perderem
o total interesse em responder, tamanha exigência imposta pelo mundo,
tamanha tristeza em mal se conhecer. E gela."


Quando não é possível se enquadrar em nada disso aqui, a gente para, respira
fundo e visto que isso aconteceria de qualquer forma, por ser um
ato involuntário, continuamos a respirar, sinceramente, de nada adianta.
Continuaremos eternamente desenquadrados. Fim. Identificar o problema,
muitas vezes é reconhecido como ter em mãos 50% dele resolvido, fácil
assim, fácil demais se for pensar. Aliás, pensar é fácil. Além de tudo
agora temos a certeza de que 50% está ali resolvido, sem quase nenhum
esforço, somente o mental, que muitas vezes, sempre a mil, nada exige.
Silêncio profundo na mente ativa que suplica, suplica, até que nos
ataca de tanta raiva, por ter suplicado mil vezes, sem ter sido atendida
nenhuma delas. Eis 50% caindo, pesadamente na nossa realidade.
É hora talvez da ação, pra se enquadrar? Pra agir sem um propósito
importante? Por não ter muito o que fazer? Jamais vão saber.
Toda ironia é composta de cicuta e escuta aqui, já que isso é realmente
eficiente, já que tudo isso faz diferença, calcularia
friamente uns 100% de resultado,bem melhor do que os 50%, ali em cima exposto,
jogado, retalhado que brevemente vai servir mesmo é de adubo,
por não ter adiantado merda alguma. Mas tudo bem, é com essa tal
ironia eficiente que eu proveniente da dúvida, da angústia das
incógnitas, venho aqui, misericordiosamente pedir: Onde enquadrar?
Me enquadrar? Me derivar? Me espalhar? Melenas ao vento, e fugir não
é pecado, a não ser quando o pecado proveniente no rio de Hades,
dos frades, ah, dos frades, daí se torna imensamente pecaminoso,
mas tudo bem, chega da irônia escondida nas melenas, nos girássois,
desse rio seco que só traz o nada, nada traz. Melancolia. Diga
alto pra fazer parte do universo audível do seu dia, mais e mais
alto, até que isso vai se expandir de uma forma, que vai se tornar
nulo, de tamanha loucura. Tamanha loucura. Escuta aqui, o que você
vai, absolutamente, diga, absorver disso?! Não é uma estóriazinha
esotérica que você vai achar no rodapé de alguma página, é uma carta,
uma despedida, estilo aquele momento em que se abana um lencinho
num navio. E a última coisa, e nem por isso menos importante,
que todos esses seres imaginários e gelatinosos querem saber é
onde irão se enquadrar, por favor, uma resposta breve, e nem por
isso demasiadamente concisa mas altamente explicativa, neste
instante, sim? Silêncio. É isso que se tem. Prepare seu lencinho,
suas libélulas acenadoras, entrem no navio e continuem com a dúvida,
os 50% de entendimento do problema não levou (não) a resposta, então
aqui senhores e senhoras, cicuta, para todos vocês, vocês aí,
gelatinosos. Agora sim. Tenha aí, 100% de diferença feita,
com massa fina e eterna. Depois disso, queridos passageiros,
aguardem o silêncio mórbido e eterno nesse ensolarado dia
de não-enquadramento. A dúvida não mata o corpo que fica mas
acompanha a alma que vai e gela.