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sábado, 3 de outubro de 2009

Sábado suícida.

Ameaçou chover durante o dia inteiro, e foi a única coisa que
não aconteceu. Alias, outras coisas que eu pensei que seriam
previsíveis não aconteceram também.
O telefone não tocou. Digamos que eu tenha esperado isso
com tanto afinco que nem sai de casa, como eu me sentiria
se tivesse sido exatamente assim? Frustrada. Mas eu sai.
Fui ao supermercado, e mais uma vez fiz planos pra me
distrair, pra poupar a ausência do que fazer, ausência
sonora do maldito telefone.
Quanto a esse cansaço, não sei explicar, não há
motivos físicos para ele existir,mas pode ser um
cansaço crônico de viver ou um simples tédio sabatino
que me deixa mórbida assim.
Não estou com vontade de fazer absolutamente nada,
e ao mesmo tempo gostaria de fazer algo totalmente
incompatível com meu humor do momento.
Pois é: é sábado e quero dormir. Como se não houvessem
mais esperanças para hoje: pronto desisto do sábado,
vou dormir e então me traga o domingo, que tem
tudo para ser mais tedioso do que o sábado,
como é o costume de quase todos domingos que vivo.
Chega uma hora que é frustrante permanecer acordada,
o pior ainda é não conseguir dormir e ficar rolando na cama,
enquanto tanta vida acontece lá fora.
Essas paredes, esse teto, meu cárcere escolhido por mim,
pr'eu agonizar em meus sábados e domingos. Bem, pelo
menos a escolha foi minha, pior seria estar na metrópole,
sem dúvida aqui é mais aconchegante, até mesmo pra
agonizar.
O telefone toca: alívio guarnecido com receio. Prefiro
isso do que o vazio. Estou tão cansada, que não reclamo.
De qualquer forma restou meu quarto, olho para a cama
de lençois vermelhos, há uma multidão de planos, enfileirados,
esperando para acontecer. Esse sábado foi anulado, fisicamente,
de todos ângulos. É triste pois não era pra ter sido assim, eu queria
ter feito outras coisas, uma das coisas que eu ia fazer foi assaltada
pela preguiça congenita.
Não sei quantos sábados me restam, mas esse largou da minha mão
e se jogou no precipio do tédio.

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