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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Telefone.


As vezes não dá pra compor algo bonito no desespero. E o fato foi que eu não tirei
os olhos da janela, a porta pra sua vinda, a fuga da minha noite. Tudo que eu esperava
em delírio constante de encontrar aquelas horas voluptosas.
Diante da impossibilidade, do conflito e impedimento constante meu sono foi roubado,
e o calor da noite triste me invadiu por completo e queimou toda esperança de ter
mais uma lembrança inusitada.
Infelizmente foi assim, eu estava na torre, cercada por espinhos enquanto você
em sua urgência de me ver não se importava com os ponteiros aflitos e me procurava
incessantemente.
Eu tentei,minha vontade era sair correndo, mas como? Nem sempre essa seria a solução,
então eu definhava, queria saber o que seria dito, queria sentir as palavras mornas
sendo refletidas em mim, mas querer foi pouco, eu não desafiei. Não fui além e por
isso perdi um pouco de mim e dessa vez não foi em você, foi ao vento. Minhas cinzas
cálidas, cálidas e eu calada, silêncio que me encomoda enquanto eu sei que você pensava
a mesma coisa.
Da torre eu via um mundo gris, eu própria perdi minha cor. O monstro da minha noite
eu ilustro como uma águia, desenhei em guache pois essa águia tinha cores pálidas,
de tristeza e descontentamento. Sinto que foi a maneira de nos igualarmos, me tornar
imensamente infeliz seria a solução pro seu sono sem graça e sem sentido.
Estava tudo certo, só minha posição no mapa estava errada, sim, eu não dormi,
mas não era em meu quarto que meu corpo estava destinado a se encontrar,
eu jazia nos lençois vermelhos, eu era um oceano. Eu batia fortemente contra a barreira
imposta, eu tinha que invadir a cidade, passar pelas ruas, devastar tudo o que estivesse
em meu caminho simplesmente porque me impediram de fluir. Mas não, eu me contentei,
antes que a águia me arrancasse os olhos, os sentidos.
Da torre eu observada o mundo inerte, sem graça, sem movimento. Não havia som,
e nesse instante a lua desapareceu pois não havia mais sentido pra permanecer...

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