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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

F O M E

Luz vaga. Sumiu a fome, não tinha mais nome, totalmente sem identidade,
não fazia mais diferença, tal doença consumiu. Sumiu. No mundo jamais
havia existido, era uma lembrança rara mas também insignificante.
Ela não tinha cor e desse tal amor, o que havia era tudo que ela
representava, todo cenário onde ela atuava e todas roupas que ela
vestia assumindo papéis coloridos de abril.
Eu ri, diante de tal confissão, coisa que eu já sabia, mal entendia e
buscava, incessantemente, a cada cortina aberta uma descoberta,
uma pessoa coberta com plumas de mentiras. Eu também senti
a necessidade de dizer, que por mais que você tente, e não
sendo vidente, haverá uma razão iminente pra que você
não siga e retorne, no ninho, no meio dos lençois de múltiplos
segredos.
Não há culpa, nem flecha pra acertar uma maçã, no alto da testa,
da cabeça, bem onde o pensamento consegue ser físico e é atingido
e furado, onde se abre uma fenda e todo sentimento escapa,
caindo na terra pra brotar em algum outro lugar, num
futuro incerto. Apesar que o calor é certo, e aquela flor bonita
que nasce, não tem nome também. Mas dessa vez a desarmonia
irá confundir seus ouvidos, como sempre, nunca saberá onde
chegar, a não ser que algo bom seja concedido, uma corda,
uma escada, depende do que você precisar.
Pois é, vimos águias serem arremeçadas contra o chão morno
da chuva matinal, vimos fumaça surgir quando queimaram
uma floricultura que vendia borboletas em aquários de sol,
mas eu não pude ver um sorriso de céu azul enquanto acordava
e tinha que caminhar sozinha, durante longos kilometros, até
encontrar água, que não era veneno, e descansar na sombra
de algum inseto gigante daquele mundo estranho.
Cochilo. Esquilos, não atraz de nozes, mas de algo que eles
pudessem usar pra se aquecer, sozinhos. Não tinham pra onde correr
e assim, senti que algo caiu em mim, um esquilo morto.Torto,
olhos arregalados, com o estomago aberto e um recado escrito
com tinha óleo: Fome.
Não entendi bem, fome do quê?! De tantos os tipos, notei
que eu era nada mais que uma faminta. Tantos tipos
incompletos, joguei o esquilo de lado, pois eu nada podia fazer
a não ser observa-lo com tristeza e nojo de seu sangue
que ainda jorrava do frágil torax dilacerado.
Saciar a fome, buscar um nome, queria ser e achar
dentro do pote de mel algo que por mais que não
fosse comestível, desse a solução, pra uma das fomes,
que ficava em uma das prateleiras, na sessão 79,
provavelmente dificil de alcançar, mas nunca
impossível de matar. Sim, a chave. Estaria no pote,
e depois de lá, teria que encontrar o tão
procurado quarto das prateleiras. Depois disso,
sentiu uma brisa leve, que sussarava: siga o esquilo.
O rastro de sangue, abriu caminho por entre a vegetação
e lá se foi ela achar a solução.

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