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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Grisalha

Com o céu assim as pessoas ficam até meio bobas, sem reação. Ao abrir a janela, ou não,
álias, melhor: ao espiar pela fresta da janela, onde a madeira já estava apodrecida e frouxa
de tão velha, ela se deparou mais uma vez com seu quintal triste.
A manhã não seria de tudo diferente, talvez enchesse as pêras colhidas de tédio
durante a tarde mas tudo bem, era exatamente assim que ao final do dia ela
suspiraria e agradeceria, até mesmo pelo que a entristecia um pouquinho.
Estava tudo meio programado, e a luz que entrava em sua casa ela já sabia
de cor onde bateria e em qual segundo do dia. Era tudo tão seu, assim como seu corpo
ao vento, ao relento, na chuva daquele quintal triste.
Todas as coisas interagindo de forma sutil. É aqui, exatamente aqui e para todo sempre.
Enfim ela se levantou, se postou diante das flores não aguadas, esquecidas durante uma noite
que passou se atormentando com qualquer coisa que lhe parecesse medonha, isso era resultado
de um filme de terror que a fez pensar mal até dos feijões verdes que estavam numa sacola amarela pálida.
Não adianta muito mas aguou com seu copo de água, que ficava do lado da camam, todos
os dias. Deixou sobrar um pouco para que pudesse umedecer a boca seca, sentou no peitoril
e se contentou com o sol pelo resto das três horas seguintes...
Mente vazia e corpo leve. Era assim que ela iria embora, mais uma vez!

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