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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O poço.

Desde então o caminho mais longo começou a ser feito,
seu relógio trocou de lugar, suas lembranças foram
enterradas no jardim, não para esquecê-las,
mas pelo simples fato de ser o lugar mais seguro para
permanecer, visto que em sua cabeça isso causava
efeitos danosos.
Se perguntava: De que adianta o sol, a lua o vento? Já que o lugar em si
não interessa e os componentes desse cenário
não cumprem seu papel no meu mundo paralelo.
Nada mais é bom para sua saúde, resta deitar, não dormir, mas somente
agonizar até que o corpo canse
se levante e tente fazer algo para mudar.
Se fosse indolor ela teria aplicado mais vezes, para se livrar,
sempre se livrando, enquanto vai passando tão rápido e apagando seu
rastro, e tudo isso por quê? Para não ter do que se lembrar,
nunca mais.
Até que uma voz te diga: Não se preocupe, eu farei o meu
melhor para te controlar.
Essa voz veio do fundo de um poço de pedras cinza chumbo,
bem ali adiante, quase no meio de uma floresta, densa e sombria.
Sem forças ela olha,pensa em cair nos braços do eco,afinal no fundo do poço
deve ter algo mais concreto do que a realidade ao redor: Pule!
Queda leve, pausada, quase um voo calmo e totalmente sem destino: Leve
e não traga, pois isso estraga a visão do mundo que eu tenho.
Gentilmente o eco leva, ela cai em seus braços suavemente,
suas lembranças transbordam enquanto o eco as suga e mata.
Vazia porém feliz, agora ela consegue enxergar tudo de uma forma diferente,
as mãos já não tampavam o olho de sua alma. O mundo era visível,
e do fundo do poço ela viu uma luz, em seguida viu sombras.
Eles sim estavam perdidos e talvez a procurassem, por isso antes que
as sombras decidissem descer ao fundo do poço, ela começou
a deslocar as pedras, afim de encontrar no mundo subterrâneo forças
para continuar a viver. O eco se foi, repetiu que ia abandona-la,
exatamente depois de livra-la de todo o mal.
Sem medo, ela continuou seguindo pelo túnel que formou. Recolocou
as pedras atras de si, para não ser achada. Pois naquele mundo ela
não existiria mais. E se foi...

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