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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ventila



Ventila dor, para todos lados e a todo instante.
Esse lugar emana tudo que eu não posso mais ter,
todos momentos foram congelados, preservados com
sua mais pura essência,porém estão do outro lado
desse mar de segundos aglomerados, o tempo me
separa da minha época mais bonita.
Parecia tão presente, inacabável mas se foi
e deixou vestígios, deixou tudo e acabou não
deixando nada.
Nem as ruas são as mesmas e eu nunca mais
encontrei libélulas no chão, para imortaliza-las
num pote cheio de alcool. Pronto, está ali
para quase todo sempre, mas sem vida,
intacta com sua mais pura beleza.
Isso me diz tudo, mas também não me diz nada.
O mundo me dá saudade, estou aqui e também não
estou, mal deixei um segundo ( ou será que fui deixada
por ele?) e já estou me sentindo só. Uma frustração
eterna. Deitar e dormir, levantar dormindo
e passar o dia dividida, entre a terra e o mundo
dos sonhos e pesadelos.
Nem dá vontade de existir, se for pra viver assim,
se é que isso é vida.
Eu estou atormentada com o calor entorpecente,
de um dia que comumente eu estaria na sombra,
deitada no colo morno daquele que acreditava
que eu podia voar com três pulinhos, no meio do nada,
no meio da rua e da madrugada.
Nesse instante o vento balança as roupas no varal,
eu já vi isso muitas vezes, embora todas vezes
tenham tido suas particularidades, eu me sinto
indiferente demais para notar esses detalhes.
Que se danem as roupas, o sol, o céu, eu tenho
um redemoinho de conflitos dentro de mim,
que não consigo nem se quer ver, quem
sabe são todos iguais, quem sabe se tem suas
particularidades? É difícil definir e até
mesmo senti-los de vez em quando.
Eu quero ter certeza de que eu
conseguirei sair do casulo sem me
destruir com meu próprio redemoinho,
que cresce e cresce cada vez que eu
nego entender os porquê's.
Sinceramente, eu acho que as coisas
vão ficar diferentes quando eu ver
tulipas vermelhas, é algo tão possível
e ao mesmo tempo tão fora de cogitação.
É um dia tão bonito mas hoje, em
especial (ou em desgraça?) hoje está tudo cinza...

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