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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Coração Abajur [2]

(...)

Mal pode acreditar ao notar que seu criado mudo estava vazio, sem luz,
sem seu coração abajur. Desesperada desmaiou, voltando para o mundo
paralelo onde pensava viver coisas boas.
Rapidamente retornou, com a visão ainda turva começou a entender
os traços de seu quarto escuro. Escuro até quando?!
Enquanto isso o duende estava adormecido depois de se deixar
levar pelos deliciosos instantes que o coração abajur lhe
proporcionava, aquela luz e a pulsação o acalmavam como
uma canção de ninar. Mas o coração abajur já não estava radiante
mas sim com um brilho doente e batidas barulhentas e atormentadas.
Com isso o duende acordou nervoso de seus pesadelos comumente
desagradáveis. Tão acostumado a desgraça, com um segundo de doçura
ficou mal acostumado, como se tivesse vivido sempre de sonhos
e pela primeira tivesse encontrado a tortura da miséria de seu subterrâneo.
No que havia transformado aquele belo objeto de sua afeição?! Teria se
adaptado? Ou apenas se revoltado com a ausência de... de algo que ele
não sabia mais o que era, nem se lembrava onde havia pegado aquele,
agora, incomodo pulsante.
Não sabendo o que fazer, pensou em simplesmente jogá-lo fora pois já
que não sabia como jogar a própria vida , jogava tudo que o atormentava
um pouco. Ao tentar se aproximar foi atirado longe, no meio de vários
abacaxi que cortaram sua dura pele, devido a intensidade da queda.
Aquelas mãos sujas jamais tocariam o coração abajur, e isso ele
pode evitar, indignando o duende que pensava que podia tudo.
Na diagonal, há milhares e milhares de lhamas de distâncias, a menina
de coração roubado sentiu seu coração fisga-la, como um peixe em movimento
que preso ao anzol permanece conectado até finalmente rasgar e se libertar
deixando um insignificante rastro de sangue. A menina começou
a andar em direção ao nada, fraca e com a mão no peito que há tempos
não emitia nenhum som. Apesar disso ela levava uma certeza com ela:
iria recuperar seu coração abajur!


Continua(...)

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