Páginas

domingo, 29 de novembro de 2009

Foi em uma manhã nem tão qualquer assim, que Lauren teve que acordar muito,
mas muito cedo. Sua tia iria viajar, mas não era uma viagem comum,
visto que ela tinha encontrado o bilhete de ônibus na rua e acreditou
fielmente de que aquele era um sinal.
Um sinal ou uma fagulha de esperança, que havia renascido depois
de anos adormecida, mas esse era um segredo que sua tia jamais revelou.
Lauren estava ainda sonolenta porém precisava levar sua tia até
a rodoviária, foi de pijama mesmo, sem se importar com nada.
Ao sairem da casa, Lauren ficou hipnotizada com o céu, mais uma vez.
Sua tia Marie a gritou para ir logo, afinal ela já havia aberto o porta-malas,
estava ansiosa com sua viagem, embora não soubesse ainda nem aonde iria
dormir. Marie olhou para a janela, onde sua gata San a observava através do
vidro, começou a chover, San fechou os olhos e aparentemente dormiu,
talvez desejasse estar em outro lugar ou talvez gostasse muito de dias assim.
Lauren pensou: Não se preocupe, eu já volto para ver a chuva com você, se
eu não me perder no caminho!
Ao entrar no carro, e sair da garagem Lauren pensava sobre o que poderia
acontecer com sua tia, mas não podia pensar tanto assim, senão não
ia aproveitar o tempo raro em que estaria totalmente sozinha, fisicamente
falando.


(...) continua.

domingo, 15 de novembro de 2009

Primeiro vetor.


Mudo e incolor, você me diz coisas somente através dos pesadelos, em que
incansavelmente você se pergunta: O que está acontecendo?!
Bem, estamos aqui novamente, sem acreditar. Ah, abri os olhos.
Já mudou tudo de novo. Distância e tudo que eu nunca quero
saber. Eu nunca vou entender o que você pensa e ousar adivinhar
é muita pretensão, esse universo é invisível para mim.
Em um gole o líquido some de meu copo, totalmente, sem deixar uma
gota, nem ao menos o cheiro. Essa tendência das coisas desaparecem
com o excesso, o anseio de tê-las não me agrada.
Faço analogias, às 01:15 da manhã. Esse mundo descartável me
cansa...




Obs: Foi o primeiro vetor que eu fiz, de mim mesma. Assim,
como eu sempre tive vontade de fazer. Não ficou tão bom,
mas eu gostei. Valeu pela iniciativa (minha!).

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma noite a lua caiu, a rua estava vazia, embora sua sombra
continuasse relutante a me seguir.
embora os sons, os passos e até mesmos os sorrisos
continuassem presentes...
presentes descasos, total insegurança,
tanta saudade do que nunca vai voltar.
Continuo a olhar a janela, examinando a distância
que você estaria percorrendo caso estivesse voltando pra
sua casa.
Tão próximo e tão distante, me deu vontade de sorrir.
mas não o suficiente pra acreditar que tudo isso
será teletransportado para a realidade.
Loucura ou não, estamos pensando coisas diferentes agora(...)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Quinta quieta bem longe daqui mesmo.

Diz. Quis. Fiz. Quebrou tudo e não disse nada.
Depois ficou parada, olhando o instante se
despedacar.
Depois disse não: Que não foi bom e tudo mais.
Nunca mais me deixou em paz.
Sempre a fez correr atrás, do vazio, do segundo perdido
e nem um pouco arrependido disse: Vá embora!
Ela foi. Não voltou por 700 dias. Desligou
o telefone, derrubou caramelo no tapete e
acenou pras nuvens negras que chegavam para
inundar a cidade. Falou com o espelho, mil vezes
se dando conselhos, mil e três vezes desobedecendo
todos eles.
Disse o que disse e fez o que todo mundo esperava,
engoliu choro e quase morreu engasgada com isso.
Foi assim que numa tarde de meio sol, meio nuvens
cinzentas, ela ouviu bem longe, algo que seria
imperceptível se ela não estivesse tão entediada como
agora: uma campainha, cujo som diferente a fez
imaginar toda uma história de amor.
Uma reconciliacão num dia desses não seria nada mal,
eles poderiam discutir enquanto haveriam trovões e
relâmpagos e se reconciliarem no anoitecer, quando o
céu estivesse arroxeado, rosado, azulado, todo degradê.
Nem noite, nem tarde. No limiar. Onde os lábios finalmente
poderiam se encontrar depois da chuva. Ou durante a chuva?
Agora a campainha tocou, em sua casa. Dessa vez, com ou sem
tédio ela iria escutar: ensurdecedora. Era como se a campainha
tivesse vida própria e fosse uma velha bruxa, ranzinza e
insistente. Não, não seria ninguem, ninguem para mim.
Alguém, mas é só isso.
Todo sonho se desvaneceu, provavelmente nada assim
estaria acontecendo, ou sim?
Inclinada para o pessimismo, acreditou fielmente no
desastre. Todas as campainhas eram insignificantes
e a tarde seria igualmente desgostosa, em todas
casas.
Irritada e até mesmo cansada, fechou os olhos,
sem atender a campainha, sem atender
as suas vontades, sem ao menos viver:
morreu ali mesmo, na beira da janela.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ventila



Ventila dor, para todos lados e a todo instante.
Esse lugar emana tudo que eu não posso mais ter,
todos momentos foram congelados, preservados com
sua mais pura essência,porém estão do outro lado
desse mar de segundos aglomerados, o tempo me
separa da minha época mais bonita.
Parecia tão presente, inacabável mas se foi
e deixou vestígios, deixou tudo e acabou não
deixando nada.
Nem as ruas são as mesmas e eu nunca mais
encontrei libélulas no chão, para imortaliza-las
num pote cheio de alcool. Pronto, está ali
para quase todo sempre, mas sem vida,
intacta com sua mais pura beleza.
Isso me diz tudo, mas também não me diz nada.
O mundo me dá saudade, estou aqui e também não
estou, mal deixei um segundo ( ou será que fui deixada
por ele?) e já estou me sentindo só. Uma frustração
eterna. Deitar e dormir, levantar dormindo
e passar o dia dividida, entre a terra e o mundo
dos sonhos e pesadelos.
Nem dá vontade de existir, se for pra viver assim,
se é que isso é vida.
Eu estou atormentada com o calor entorpecente,
de um dia que comumente eu estaria na sombra,
deitada no colo morno daquele que acreditava
que eu podia voar com três pulinhos, no meio do nada,
no meio da rua e da madrugada.
Nesse instante o vento balança as roupas no varal,
eu já vi isso muitas vezes, embora todas vezes
tenham tido suas particularidades, eu me sinto
indiferente demais para notar esses detalhes.
Que se danem as roupas, o sol, o céu, eu tenho
um redemoinho de conflitos dentro de mim,
que não consigo nem se quer ver, quem
sabe são todos iguais, quem sabe se tem suas
particularidades? É difícil definir e até
mesmo senti-los de vez em quando.
Eu quero ter certeza de que eu
conseguirei sair do casulo sem me
destruir com meu próprio redemoinho,
que cresce e cresce cada vez que eu
nego entender os porquê's.
Sinceramente, eu acho que as coisas
vão ficar diferentes quando eu ver
tulipas vermelhas, é algo tão possível
e ao mesmo tempo tão fora de cogitação.
É um dia tão bonito mas hoje, em
especial (ou em desgraça?) hoje está tudo cinza...

domingo, 1 de novembro de 2009

algodão


É tudo sempre muito rápido. A gente grita o erro dos outros,
e traça o nosso próprio, quebra e rasga.
Mas ao rasgar o outro rasgamos nós mesmos, somos os outros,
somos o mundo inteiro.
Ninguém se perdoa e o silêncio chega ao ápice, é tudo tão mórbido
que nem se ouve um leve respirar. O silêncio também é a morte.
Enquanto isso o tempo atua como coveiro, desse cadáver doente
que embora não possa ser esquecido, deve ser enterrado
o mais fundo possível.
Eu sou o cadáver e minha revolta foi o meu mal.
Dias ensolarados não combinam com a solidão, a
noite vem chegando e não tem nada mais pra mim.
Novamente em milhões pedaços, olhando o horizonte de
milhões de ângulos, todos desesperados e aflitos,
cientes da distância perpétua.
Eu quero me jogar num campo de algodão,
permanecer até perder consciência do que
me anula.
Preciso ser resgatada desse mundo, mas quero numa
manhã de sol, pro meu dia mais feliz, ser também
o mais bonito e memorável. Uma cama de algodão,
uma libélula no chão prestes a voar e eu, antes
em pedaços, e agora anulando o feitiço que era
supostamente perpétuo, então eu digo:
estou me recompondo e também partindo daqui.